Texto de Marcos Ribeiro em seu site:
A afirmativa de sexo é “coisa de gente grande” vem da idéia que se teve durante muitos anos de que a criança é um ser assexuado e não tem nenhuma manifestação de sexualidade. E hoje sabemos que isso não é verdade.
Como imaginar que um ser tão pequeno e indefeso possa ter suas manifestações de sexualidade e erotismo?
É importante esclarecer, de início, que a percepção que temos para nós, adultos, evidentemente não é a mesma sentida pelas crianças.
O erotismo tem as suas bases na infância, principalmente no primeiro ano de vida. Esse é o ponto de partida para uma vivência de sexualidade e sensualidade mais tarde, quando adultos.
Muito da maneira como nos sentimos hoje, com um sentimento de conforto e segurança ou de rejeição e de autodesvalorização, teve as suas bases ainda na infância.
A forma como os pais interagem com os filhos, dando carinho, amor aconchego e proteção, é que vai ser importante para uma boa estrutura psicológica e de sexualidade.
É muito importante a figura de pai e mãe, para formar esses alicerces. Mesmo que, por exemplo, não haja um pai (biológico) presente, mas uma figura masculina que represente esse papel. E a gente sabe que, muito freqüentemente, os avós ou irmãos mais velhos representam essa figura.
Para vocês terem uma idéia, por volta dos três anos a criança já diferencia homem e mulher e mantém uma curiosidade sexual bastante presente.
Essa curiosidade, inclusive, faz com que ela descubra que a outra criança tem um genital (pênis ou vulva) diferente do seu e ela fica inquieta para saber “como é”. Isso tudo é muito natural e é com essa postura que estaremos ajudando a criança a se desenvolver de forma tranqüila e encarando o sexo sem tabus.
É por volta dessa idade, também, que começam as primeiras brincadeiras com a mão – de ficar brincando “horas e horas” distraidamente ou mesmo ficar roçando contra travesseiros, almofadas ou algum outro objeto.
Um pouco mais tarde, já fazendo uso da fala, a criança experimenta o uso do palavrão. A postura mais correta é procurar entender o significado do palavrão – o que ele está, naquele momento, representando para criança. Pouco adianta brigar, pôr de castigo ou dizer que vai colocar pimenta na boca.
Muitas vezes a criança fala o palavrão sem saber muito bem o que significa (o seu sentido real), mesmo conseguindo empregar nas horas certas. Ela fala como um papagaio: repete tudo o que ouve. O que, também, faz parte do seu processo de aprendizagem de linguagem.
Uma característica, que vai dessa idade até a adolescência, é a capacidade de formar vínculos afetivos.
E nesse processo, a escola tem um papel fundamental, que é o de socialização: estabelecer limites (normalmente os pais acham tudo uma “gracinha” e se esquecem que essa criança vai ser adulta um dia) ou estabelecer o respeito entre um e outro.
É também na escola, quando a criança começa a ter um convívio intenso com outras crianças, que ela ensaia as primeiras paqueras e se interessa por outros(as) menininhos(as). Não é incomum encontrarmos os pequenos dizendo a toda hora que fulano(a) é meu(minha) namorado(a).
Se a criança conseguir viver essa sua história, e que se lembrarmos bem foi parecida com a nossa, de forma harmoniosa e sem preconceitos, ela terá todas as chances de crescer mais integrada consigo mesma.
E, conseqüentemente, com o outro.
( Marcos Ribeiro )
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