Entre matéria bruta e seres vivos, os vírus apresentam características
de ambos os tipos
Vírus, Monera, Protoctista e Fungi: saiba tudo sobre
estes quatro tipos de seres!
Os vírus estão no limiar entre a matéria bruta e os seres
vivos, apresentando características de ambos os tipos. Não há consenso se
devemos incluir os vírus nos seres vivos como um todo. Por isso, esses seres
não são classificados de acordo com o padrão proposto por Lineu.
Consequentemente, não possuem reino, filo, classe ou ordem.
Características que os aproximam da
matéria bruta
- Todos os seres vivos possuem uma unidade básica: a célula.
Os vírus não possuem células. São parasitas intracelulares obrigatórios e
dependem da invasão de unidades celulares para conseguirem se reproduzir;
- Fora da célula hospedeira, alguns vírus se mantêm em
forma cristalizada, podendo permanecer assim por muito tempo;
- Não possuem metabolismo próprio.
Características que os aproximam
dos seres vivos
- Possuem material genético próprio (DNA ou RNA);
- Possuem capacidade de reprodução (no interior da
célula hospedeira);
- Sofrem mutações e a ação da seleção natural, ou seja,
evoluem.
Estrutura
do vírus
Estrutura do HIV
Estrutura de um vírus que infecta bactérias
(bacteriófago)
Reprodução
em vírus de DNA
Nos vírus de DNA a reprodução segue
as seguintes etapas:
1. Autoduplicação do DNA;
2. Transcrição do DNA em RNA;
3. Tradução do RNA em proteínas.
Reprodução de um vírus de DNA
Reprodução
em vírus de RNA
Nos vírus de RNA, a reprodução pode
acontecer de duas maneiras, seguindo as seguintes etapas:
1. Realizam a transcrição de RNA
em DNA (transcrição reversa), com atuação da enzima transcriptase
reversa;
2. Transcrição do DNA em novos
RNAs;
3. Tradução do RNA em proteínas.
Ex: vírus da AIDS (retrovírus).
Reprodução do HIV
ou
1. Duplicação do RNA;
2. Tradução em proteínas.
Ex: vírus da dengue, gripe, febre
amarela e ebola (RNA replicantes).
Por serem parasitas intracelulares
obrigatórios, os vírus são causadores de um número extenso de doenças.
Entre estas, podemos contar a caxumba, a raiva (ou hidrofobia), o
resfriado comum, a gripe, a dengue, a poliomielite, a febre amarela, a
varíola, a meningite viral, a herpes, a AIDS, a caxumba, a zika, o ebola,
entre outras.
Os vírus podem apresentar dois
ciclos reprodutivos: o ciclo lítico e o ciclo lisogênico.
O ciclo se inicia com o vírus se
aderindo a superfície da célula (vamos usar aqui o vírus bacteriófago como
exemplo, que tem como alvo as bactérias). Após fixar-se na bactéria, ele
injeta seu material genético no interior da célula bacteriana. A partir
daí, podemos observar diferenças entre os ciclos.
No ciclo lisogênico, o vírus invade
a bactéria, incorporando seu DNA ao DNA da célula-hospedeira. A bactéria
prosseguirá com seu funcionamento normal, então, quando a célula se
dividir, sua descendência apresentará também DNA viral incorporado ao
próprio DNA. Exemplos de vírus que atuam dessa maneira são o vírus
da AIDS e da herpes. No momento do vírus se expressar, ele passará
a executar o ciclo lítico.
O ciclo lítico começa na interrupção
das funções normais da célula, que pode ocorrer no momento em que a célula
é parasitada ou apenas depois, dependendo. O material genético viral irá
comandar a síntese de proteínas virais (através do controle dos
ribossomos daquela célula) que irão compor o capsídeo de novos vírus.
Há também a replicação do material genético do vírus, e a posterior
união do material genético com as proteínas do capsídeo, formando assim novos
vírus. A célula infectada eventualmente irá se romper (processo lítico,
oriundo da palavra “lise”, quebra), liberando novos vírus que
irão infectar novas células.
Reino Monera
Reino monera
- O reino Monera é composto pelas bactérias e cianobactérias;
- São seres procariontes, ou seja, não possuem
organelas membranosas e carioteca, e o material genético está disperso no
citoplasma;
- São unicelulares;
- A maioria é heterotrófica por absorção, mas também
podem ser autotróficas (fotossintetizantes ou quimiossintetizantes);
- A maioria é aeróbica, mas existem algumas
anaeróbicas facultativas ou obrigatórias;
- Podem realizar reprodução assexuada por divisão
binária e esporulação;
- Podem realizar reprodução assexuada por
transformação, transdução e conjugação.
Estrutura
das bactérias
Uma célula bacteriana possui
membrana plasmática, citoplasma com ribossomos 70s, parede celular de
peptidoglicano, DNA cromossomial formando o nucleoide e DNA circular, o
plasmídio.
Estrutura bacteriana
Por muito tempo, acreditou-se que as
células procariontes apresentavam uma dobra na membrana chamada mesossomo,
que seria responsável pela respiração celular, mas foi descoberto
que esse mesossomo é apenas um artefato da microscopia, ou seja,
uma estrutura que aparece durante a preparação da célula para estudo
ao microscópio.
O metabolismo das bactérias pode ser
extremamente diverso, podendo ser anaeróbicas ou aeróbicas, podendo ser
autotróficas ou heterotróficas, etc. Bactérias heterótrofas são
fundamentais como decompositoras da matéria orgânica, sendo responsáveis
por reciclar a matéria orgânica e disponibilizar no ambiente compostos
inorgânicos como os sais minerais. Por outro lado, bactérias autotróficas,
como as cianobactérias, podem ser importantes organismos
colonizadores, sendo pioneiros em habitar áreas anteriormente estéreis.
Bactérias geralmente se reproduzem
de maneira assexuada, através de divisão binária, mas elas podem realizar
uma reprodução “sexuada” através da troca de material genético. Isso pode
ocorrer por transformação, transdução e conjugação.
Na transformação, a bactéria absorve
o DNA disperso no meio e incorpora esse DNA. Esse DNA pode ser oriundo de
células mortas ou pode ser disponibilizado de forma artificial, como uma
técnica de Engenharia Genética.
Na transdução, o DNA é transmitido
através de um vírus, que agirá como vetor. Quando um vírus se monta dentro
de uma bactéria, ele pode carregar também pedaços do DNA da hospedeira
original, e carregar esse DNA com ele para a próxima bactéria a ser
infectada. Caso a bactéria sobreviva a infecção, ela pode incluir em seu
genoma os novos genes trazidos pelo vírus. Na conjugação, a relação é
mais direta, e pedaços de DNA são trocados diretamente entre bactérias,
através de tubos proteicos chamados “pili”. O DNA da bactéria doadora se
une ao cromossomo da bactéria receptora, mudando assim o seu genoma.
Bactérias também podem ser
parasitas, acarretando diversas doenças. Como exemplo, podem ser citadas a
tuberculose, a hanseníase, a colega, o tétano, a leptospirose, a
coqueluche, a sífilis e a gonorreia.
Reino Protoctista
Antigamente esse reino era chamado
de Protista e formado pelos protozoários e pelas algas unicelulares, mas agora engloba também algumas algas pluricelulares (algas verdes, pardas e
vermelhas), sendo chamado de Protoctista.
- É o primeiro reino eucarionte (possuem núcleo e
organelas membranosas);
- É um reino polifilético (vários ancestrais deram
origem aos grupos pertencentes a este reino) e como consequência deverá
ser reclassificado e dividido em vários reinos posteriormente;
- Não existem características exclusivas que definem o
reino Protoctista;
- Possuem características muito diversas: podem ser
uni ou pluricelulares, aeróbicos ou anaeróbicos, autotróficos
fotossintetizantes (algas) ou heterotróficos por ingestão (protozoários).
Filos de algas uni e pluricelulares
Principais grupos de algas uni e pluricelulares
pertencentes ao reino Protoctista. Obs: Chlorophyta (algas verdes), Phaeophyta
(algas pardas) e Rhodophyta (algas vermelhas)
Filos de protozoários
Os protozoários são classificados
principalmente quanto a sua locomoção.
Filos de protozoários, estrutura locomotora e alguns
exemplos
As trocas gasosas dos protoctistas
são feitas através de difusão, e alguns protoctistas podem utilizar uma
organela especial para sua osmorregulação: o vacúolo contrátil. Esse
vacúolo está presente em protozoários de água doce, e expulsa o excesso de
água adquirido por transporte passivo.
Os protoctistas podem ter
importância para a saúde humana, tendo em vista que podem causar
protozooses em humanos. Entre os exemplos, estão a leishmaniose, a Doença
de Chagas (causada pelo Trypanosoma cruzi), a giardíase, a tricomoníase
vaginal e a malária, que é uma doença causada pelo Gênero ‘Plasmodium’.
Reino Fungi
Esse reino é formado pelos fungos.
- É um reino eucarionte;
- Heterotróficos por absorção e decompositores;
- Possuem parede celular de quitina;
- Possuem o glicogênio como polissacarídeo de reserva;
- Podem ser unicelulares (leveduras) ou pluricelulares
(cogumelos, orelhas de pau, bolores);
- A maioria é aeróbica, mas algumas leveduras são
anaeróbicas facultativas, podendo realizar fermentação alcoólica.
Estrutura dos fungos
Os fungos multicelulares são
formados por filamentos chamados de hifas, que se emaranham formando o micélio. A fusão de hifas produz o corpo de
frutificação (reprodução
sexuada). Em sua parte inferior, ocorrerá a formação de esporos que ao caírem
no solo darão origem a novos micélios.
Existem diversos fungos
microscópicos unicelulares, como as leveduras. Eles podem originar novos
indivíduos através da divisão assexuada.
Estrutura dos fungos
Os fungos apresentam grande
importância econômica, podendo servir como alimento (como os cogumelos,
tão utilizados na culinária) ou através de seus processos metabólicos.
Alguns fungos podem realizar o processo da fermentação, que consome
glicose e tem como produto final o álcool + CO2 (no caso da fermentação
alcoólica, muito usada para a fabricação de bebidas ou massas), o ácido
lático (o processo da fermentação lática é muito usado para a fabricação
de queijos e iogurtes) e o ácido acético (a fermentação acética produz
vinagre).
Também possuem importância na saúde,
já que podem ocasionar algumas doenças, como a micose, a frieira (ambas
doenças de pele) e até doenças sérias, como a histoplasmose, que afeta os
pulmões.
Fungos podem se reproduzir de forma
sexuada e assexuada. A fragmentação é a maneira mais simples de reprodução
assexuada, consistindo em um micélio se fragmentando e originando mais
micélios.
O brotamento consiste na formação de
gêmulas que eventualmente se separam do genitor, formando um novo fungo,
mas pode ocorrer dessa gêmula não se segmentar, formando assim uma cadeia
de células.
Corpos de frutificação também podem
espalhar esporos, produzidor através de mitoses, que podem gerar novos
fungos ao cair em substrato apropriado. Em fungos aquáticos, os
esporos podem ser dotados de flagelos, facilitando assim sua dispersão.
A reprodução sexuada pode ocorrer
com indivíduos aquáticos, com gametas flagelados que gerarão zigotos e
produzirão novos indivíduos. Em alguns fungos terrestres, os esporos
podem ser produzidos por meioses, gerando hifas haploides que se fundem
para formar hifas diploides.
Podemos dividir os fungos nos
seguintes grupos: Ascomicetos, basidiomicetos e zigomicetos. Os ascomicetos
são os que formam estruturas reprodutivas sexuadas (os ascos),
produzindo neles esporos através de meiose, chamados ascósporos. Bolores e
leveduras são exemplos de ascomicetos.
Basidiomicetos formam estruturas
reprodutivas sexuadas também (basídios) que produzem basidiósporos. O
grupo inclui cogumelos, orelhas-de- pau, entre outros. Zigomicetos são, de
modo geral, parasitas ou decompositores.
Fungos podem se associar
mutualisticamente com algas, formando líquens. De modo geral, os fungos
que realizam essa associação são ascomicetos, com raros basidiomicetos
se submetendo a isso. As algas envolvidas no processo são, de modo geral,
algas verdes, ou cianobactérias (que não são algas de fato, mas sim uma
bactéria fotossintetizante).
São importantes organismos
pioneiros, tendo em vista que essa associação permite que os líquens
habitem ambientes totalmente inóspitos, com o fotossintetizante
(fitobionte) fornecendo matéria orgânica e o heterotrófico (micobionte)
liberando água e sais minerais.
Além disso, os produtos metabólicos
destes organismos podem erodir rochas, auxiliando na formação de solo, bem
como as cianobactérias de alguns líquens podem fixar o
nitrogênio atmosférico, disponibilizando-o aos demais organismos. São
ótimos bioindicadores de poluição do ar, já que são muito sensíveis a
poluição, e servem de comida e abrigo a pequenos animais.
Exercícios
1. (UFSCar-2009) Durante o decorrer de 2008,
acompanhamos nos noticiários epidemias de dengue e febre amarela, que já
causaram a morte de muitas pessoas. Além destas doenças, podemos listar várias
outras que incidem sobre a população. Indique a alternativa que classifica
corretamente os agentes causadores das doenças citadas nos grupos a seguir:
a) I: vírus; II: bactérias; III:
protozoários; IV: fungos.
b) I: vírus; II: bactérias; III: vermes; IV: protozoários.
c) I: protozoários; II: vírus; III: bactérias; IV: vermes.
d) I: bactérias; II: vírus; III: protozoários; IV: vermes.
e) I: bactérias; II: vírus; III: fungos; IV: protozoários.
b) I: vírus; II: bactérias; III: vermes; IV: protozoários.
c) I: protozoários; II: vírus; III: bactérias; IV: vermes.
d) I: bactérias; II: vírus; III: protozoários; IV: vermes.
e) I: bactérias; II: vírus; III: fungos; IV: protozoários.
2. (UERJ-2003) Algumas doenças
infectocontagiosas provocadas por vírus ou bactérias têm causado epidemias em
grandes centros urbanos brasileiros, especialmente no verão, estação que
normalmente apresenta o maior índice de chuvas. Cite duas doenças com essas
características.
Para cada uma delas, descreva os
mecanismos de transmissão envolvidos e aponte uma medida preventiva e viável de
controle epidêmico.
3. (PUC – RJ-2008) Assinale a opção que NÃO
apresenta uma característica dos seres pertencentes ao Reino Fungi:
a) São autotróficos e realizam
fotossíntese.
b) Produzem antibióticos.
c) São capazes de realizar fermentação.
d) Realizam decomposição de matéria orgânica.
e) Suas células não possuem cloroplastos
b) Produzem antibióticos.
c) São capazes de realizar fermentação.
d) Realizam decomposição de matéria orgânica.
e) Suas células não possuem cloroplastos
Gabarito
1. D
2. Dengue: O vírus da dengue é
transmitido pela picada do mosquito Aedes aegypt; previamente infectado por ter
se alimentado de sangue de pessoa doente. Métodos profiláticos: uso de
larvicidas em reservatórios de água; pulverização com inseticidas para eliminar
formas adultas do mosquito;eliminação de reservatórios de água parada, onde se
desenvolvem as larvas do mosquito. Estabelecer um controle biológico em
reservatórios (possíveis criadouros das larvas).
Leptospirose: A principal fonte de
transmissão da bactéria do gênero Leptospira durante epidemias é o contato com
água contaminada por urina de rato. Esse animal atua como reservatório de tais
bactérias, eliminando-as pela urina. Métodos profiláticos: tratamento de água
potável; medidas de combate à proliferação de roedores; medidas de saneamento
básico: captação e drenagem de esgotos e de águas pluviais
3. A
Fonte: Descomplica
Nenhum comentário:
Postar um comentário