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quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Vídeos sobre Hipertensão e Aulas de Atividade física para Hipertensos

Material do Grupo de Bateria de Exames
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Pressão alta



Sílvia Pinella é médica cardiologista e integra o corpo clínco do Instituto do Coração (Incor) e do Hospital Sírio-Libanês de Dão Paulo (SP).
Pressão alta é doença traiçoeira. Quando os sintomas aparecem, a doença está instalada há muito tempo e já comprometeu o funcionamento de vários órgãos. Para se ter uma ideia, no Brasil, 20% da população e metade das pessoas acima dos 65 anos sofrem de hipertensão arterial. Embora menos prevalente do que nos adultos, a doença também pode manifestar-se na infância.
Considera-se que uma pessoa é hipertensa se os níveis da pressão arterial forem iguais ou superiores a 14/9. Nos casos de hipertensão leve (14,5/9, por exemplo), mudanças no estilo de vida podem contornar o problema. Emagrecer, não abusar do álcool e do sal de cozinha, fazer esportes, caminhar, evitar situações estressantes, não fumar são dicas importantes para quem precisa controlar a pressão. Muitos pacientes, porém, apesar da boa vontade, nem sempre conseguem atingir o objetivo proposto e precisam tomar remédios todos os dias até o fim da vida para controlar a pressão arterial.
Medir a pressão pelo menos uma vez por ano é, geralmente, a única maneira de estabelecer um diagnóstico precoce.

DIAGNÓSTICO DA HIPERTENSÃO
Drauzio – A partir de que valores considera-se que uma pessoa sofre de pressão alta?
Sílvia Pinella– O valor de referência da pressão alta mudou. Atualmente, considera-se que valor igual ou superior a 14/9 é indicativo de hipertensão. É importante destacar, porém, que uma medida isolada não permite estabelecer um diagnóstico seguro. Para caracterizar uma pessoa como hipertensa, são necessárias várias medidas tomadas em momentos diferentes a fim de excluir a possibilidade de um estresse passageiro ou de sobrecarga de sal no dia anterior, por exemplo.
Drauzio – Sempre me intrigou o conceito de que se devem considerar vários controles para estabelecer o diagnóstico. Veja o caso da pressão que sobe quando a pessoa fica nervosa porque está sendo examinada pelo médico. O fato de ter ocorrido esse aumento já não reflete uma certa labilidade da pressão arterial? Como reagirá essa pessoa ao estresse do dia a dia? Não terá outros picos de pressão?
Sílvia Pinella – É provável que sim, mas insisto: para classificar uma pessoa como hipertensa, é preciso que manifeste pressões consideradas altas na maior parte do dia. A técnica, nos consultórios, é medir a pressão mais de uma vez. Se notar que ela está estressada ou ansiosa, o médico deve tentar distraí-la e acalmá-la e, no final da consulta, quando a sentir mais relaxada, medir de novo a pressão. Se continuar alta, terá obtido mais um indício favorável ao diagnóstico de hipertensão.

Drauzio – Não faz muito tempo, a pressão 14/9 era considerada normal. Por que mudou esse critério? 
Sívia Pinella – Esses valores mudaram visando à diminuição dos fatores de risco sobre a mortalidade e a morbidade cardiovascular. O que quer dizer isso? Quer dizer que quanto mais alta a pressão, maior a possibilidade de a pessoa ter uma doença que atinja seu cérebro, coração ou rins. Está provado que, quando se reduz o valor da pressão arterial, as condições orgânicas melhoram bastante.
Drauzio – Qual o valor ideal da pressão arterial? 
Sílvia Pinella – Em torno de 12/8. Em portadores de diabetes ou doença cardíaca instalada, os valores 14/9 não são toleráveis. Atualmente se preconiza que a pressão desses pacientes, deve ser no máximo 12/8.
Drauzio – Tanto faz que seja um jovem ou uma pessoa de 70 anos, o valor da pressão deve ser igual ou menor do que 12/8?
Sílvia Pinella – Independentemente da idade, os níveis da pressão devem ser esses. Na verdade, o critério mudou em relação ao idoso. No passado, acreditava-se que a pessoa mais velha, por apresentar um endurecimento natural das artérias, podia ter uma pressão sistólica (a pressão máxima) mais elevada. Hoje, já se comprovou que quanto mais alta a pressão arterial, maior o risco de o idoso apresentar um evento vascular cardíaco ou cerebral. Por isso, preconiza-se que também para as pessoas mais velhas o valor de referência seja no máximo 13,5 por 8,5.
HIPERTENSÃO: DOENÇA ASSINTOMÁTICA E TRAIÇOEIRA
Drauzio – Você concorda que a hipertensão é uma doença traiçoeira?
Sílvia Pinella – Estou completamente de acordo. A hipertensão é uma doença assintomática até que se instalem os problemas por ela causados. Muita gente acha que tem pressão alta porque sente dor de cabeça. Não é verdade. Em geral, o hipertenso vai se adaptando ao aumento da pressão e só se dá conta dos danos quando cérebro, coração, rins, retina ou a circulação estão gravemente afetados. A hipertensão é um assassino silencioso que vai corroendo as artérias sem a pessoa notar o que está acontecendo.
O fato de ser uma doença sem sintomas dificulta conseguir a adesão ao tratamento. Além disso, remédios para controlar a pressão podem ter alguns efeitos desagradáveis que desaparecerão, porém, em pouco tempo.

HIPERTENSÃO NA INFÂNCIA
Drauzio – Desde que idade e com que frequência se deve medir a pressão arterial?
Sílvia Pinella – Todas as pessoas devem fazê-lo pelo menos uma vez por ano. Existem casos de hipertensão na infância. São mais raros, mas existem e devem ser considerados. Assim, a criança que vai ao pediatra para uma consulta de rotina deve ter a pressão arterial medida. Basta que isso seja feito uma vez por ano. É sempre importante lembrar que filhos de pais hipertensos têm grande probabilidade de desenvolver a doença.
Drauzio – Quais as principais causas da hipertensão na infância? 
Sílvia Pinella – A principal causa é a coarctação (estreitamento) da aorta. A aorta é um grande distribuidor de sangue para o organismo, mas a irrigação sanguínea pode ficar prejudicada se houver uma redução no calibre dessa artéria logo abaixo do local de onde partem as ramificações que se distribuem pelos braços. Como consequência, por exemplo, os rins funcionam mal, como se não estivessem recebendo sangue nenhum e a pressão arterial aumenta. Para detectar o problema, basta medir a pressão nas pernas e nos braços. A diferença de valores mostrará que nos membros superiores a circulação é normal, enquanto nos inferiores está bastante prejudicada. Outro fator importante para a ocorrência da hipertensão na infância está ligado às doenças renais. Felizmente, a hipertensão secundária provocada por essas patologias tem cura, o que não acontece com a hipertensão essencial (genética), rara na infância e sem causa definida, pois são inúmeros os fatores que interferem no aumento da pressão arterial.
Drauzio – Os pediatras costumam medir a pressão das crianças?
Sílvia Pinella  - Acho que todos medem. As mães, porém, às vezes pensam que crianças não têm problemas de saúde e não as levam ao pediatra com regularidade. Por isso, vale o alerta de que também as crianças devem ir ao médico e medir a pressão pelo menos uma vez por ano, especialmente se na família há casos de hipertensão precoce.
Drauzio – Essas crianças levam vida normal, sem manifestar sintomas que denunciem a hipertensão?
Silvia Pinella – Não há sintomas aparentes. Como acontece com o adulto, sutgirão doenças associadas à hipertensão que evoluem mais rapidamente nas crianças porque, em geral, os picos de pressão são mais altos e não houve tempo suficiente para a adaptação do organismo aos níveis mais elevados.
HIPERTENSÃO LEVE
Drauzio – Vamos imaginar que você atenda um paciente com pressão 14/9. Como você o orienta?
Sílvia Pinella – Trata-se de um hipertenso leve e a primeira medida é cuidar de sua qualidade de vida como um todo, um dos objetivos mais difíceis de atingir porque envolve hábitos adquiridos há muito tempo. A orientação visa à mudança do estilo de vida: perder peso, comer pouco sal, praticar esportes, deixar de fumar, reduzir a ingestão de álcool, controlar os níveis de estresse.
A princípio, não se medica esse paciente. Entretanto, se depois de um ano, a situação continua a mesma, é necessário introduzir medicamentos para controle da pressão. Atualmente, existem várias opções terapêuticas com quase nenhum efeito adverso. Em geral, os homens não queriam tomar esses remédios porque temiam ficar impotentes. O efeito adverso sobre a libido praticamente desapareceu com a descoberta de novas drogas.

COMPLICAÇÕES DA DOENÇA
Drauzio – Quais são os problemas que surgem com a manutenção dos níveis elevados de pressão arterial?
Sílvia Pinella – Entre os principais problemas destacam-se as doenças cardiovasculares cerebrais e cardíacas, as complicações oculares e renais e a impotência sexual. Vamos retomar como a hipertensão age sobre os diferentes órgãos:
a)    cérebro
O acidente vascular cerebral, ou derrame cerebral, ocorre porque a pressão do sangue rompe pequenas artérias do cérebro (AVC hemorrágico) ou porque a pressão vai deteriorando as artérias terminais que entopem e interrompem o fluxo sanguíneo (AVC isquêmico).

b) coração
No que se refere ao coração, quando submetido a níveis altos de pressão, o órgão torna-se musculoso resultado do esforço maior que faz para bombear o sangue diante da resistência oferecida pela circulação periférica. É como um esguicho com a ponta fechada que se dilata com a força da água. Para piorar a situação, as coronárias não acompanham o coração nesse crescimento. Músculo aumentado consome mais oxigênio. Resultado: alto consumo e baixa oferta de oxigênio. Esse descompasso faz com que o coração sofra progressivamente até entrar em falência, porque não consegue bombear o sangue de forma adequada. Coração inchado é sinal de hipertensão antiga e não tratada. Em alguns lugares do interior do Brasil, de difícil acesso aos cuidados de saúde e à informação, é comum encontrar pacientes com o coração dilatado decorrente da hipertensão. Nos grandes centros, a enfermidade é menos frequente porque, em geral, as pessoas são mais informadas.
O infarto é outra complicação cardíaca associada à hipertensão, pois as coronárias submetidas ao sistema de maior pressão podem entupir mais rápida e progressivamente até que, em dado momento, o sangue deixa de irrigar o músculo cardíaco.

c)    olhos
Os vasos da retina são muito finos e delicados e a hipertensão pode fazer com que se rompam ou entupam provocando a perda da visão. Quando a pressão sobe rapidamente, isto é, durante a crise hipertensiva, há uma alteração visual aguda provocada pelo inchaço do nervo que conduz os estímulos visuais. Se a doença for crônica, porém, ao longo dos anos a ocorrência sistemática de pequenas hemorragias ou entupimentos na retina pode passar despercebida, porque o paciente se adapta à perda paulatina da visão.

d)rins e impotência sexual
Urinar bastante não quer dizer que os rins estejam funcionando adequadamente. A pressão alta, além de exercer efeitos deletérios sobre os rins que vão perdendo a função a ponto de ser necessário recorrer à diálise, pode provocar também impotência sexual. A ereção depende da chegada do sangue ao pênis. Se ele não chega porque os vasos sanguíneos estão entupidos, a ereção não ocorre.

Drauzio – Essa queixa de impotência sexual aparece em que faixa etária? 
Sílvia Pinella  - Acima dos 50/55 anos. Antes disso é raro acontecer. No entanto, dependendo dos níveis da pressão arterial, a evolução do problema poderá ser mais lenta ou mais rápida.
Drauzio – Quando se institui o tratamento e a pressão volta para os níveis normais, o grau de impotência diminui?
Silvia Pinella – Na verdade, a impotência é reflexo de um estágio avançado de entupimento vascular e não se consegue recuperar o que já foi lesado. Por isso, é importante iniciar o tratamento precocemente. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico e controlada a pressão, melhores serão os resultados.
TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO
Drauzio – Há 20 ou 30 anos, havia poucas drogas para tratar da hipertensão. Hoje, o número aumentou consideravelmente. Você acha que elas são suficientes ou ainda é necessário evoluir na área de produção desses medicamentos?
Silvia Pinella – Acho que a evolução é sempre bem-vinda.  Novas drogas com menos efeitos adversos e mais potentes para controlar a pressão com uma única dose diária trarão benefícios importantes para o bem-estar do paciente.
Na verdade, já existe no mercado uma quantidade significativa de drogas capazes de controlar a pressão com poucos efeitos colaterais, mas é fundamental selecionar o remédio ideal para cada paciente. Não é porque um remédio é moderno ou caro que será eficaz em todos os casos. Por exemplo, para os diabéticos existe uma classe específica de drogas que além de controlar a pressão, diminui o risco de infartos, de derrames cerebrais e protege os rins contra os efeitos maléficos da hipertensão. Já os idosos demandam medicações que controlem a subida da pressão sistólica (máxima).
De qualquer forma, remédios para hipertensão precisam ser tomados pela vida inteira. As doses, porém, podem precisar de ajuste de tempos em tempos, para mais ou para menos, dependendo das condições em que se encontra o paciente. A recomendação é que o hipertenso seja avaliado a cada seis meses para garantir a eficácia do tratamento.

Drauzio – O tratamento da hipertensão é praticamente uma especialidade nova na medicina atual? 
Sílvia Pinella – Existem grupos específicos preocupados com essa doença. No Incor, por exemplo, há um grupo que só se dedica ao controle da pressão. O clínico pode fazer a triagem e o acompanhamento inicial, mas níveis altos de pressão arterial exigem a intervenção de um cardiologista.
Drauzio – O tratamento das doenças crônicas que precisam ser medicadas indefinidamente é um dos grandes desafios da medicina, você não acha?
Sílvia Pinella – Sem dúvida, a pressão alta é uma dessas doenças. Fazer o paciente tomar remédio pela vida toda é uma dificuldade que se enfrenta na clínica. É lógico que existem fatores que interferem no nível da pressão e que se tenta modificar corrigindo desvios na dieta, na ingestão de álcool e de sal, no hábito de fumar, nos níveis de estresse.
Homens, em geral, abusam um pouco mais das bebidas alcoólicas. Então, se preconiza que o máximo tolerado por dia seja uma latinha de cerveja, um copo de vinho (100ml) ou uma dose de uísque (30ml), porque o álcool em quantidades maiores faz subir a pressão.
No que se refere ao sal, a orientação é cozinhar com pouco sal e abandonar o costume de colocá-lo sobre os alimentos à mesa. É importante destacar que a quantidade necessária para o organismo já existe naturalmente nos alimentos. Acontece que o sal deixa a comida mais palatável e nos acostumamos com seu sabor.

Drauzio – A questão do sal é um pouco controversa. Pessoas sem tendência à hipertensão, cujos rins funcionam bem, teoricamente podem comer sal à vontade. A limitação é indicada para aquelas com tendência à pressão alta. Você retira o sal obrigatoriamente da dieta ou segue a linha de que se deve evitar o abuso? 
Sílvia Pinella – Como disse, a orientação é cozinhar com pouco sal e tirar da mesa o saleirinho usado para salgar mais os alimentos que estão no prato.
Não se discute que o sal enriquece o paladar, mas seu consumo é só uma questão de hábito. Depois que a pessoa começa a comer com pouco sal, acostuma-se de tal forma que estranha se a comida estiver um pouco mais salgada.

OUTRAS RECOMENDAÇÕES
Drauzio – A recomendação geral é que todas as pessoas parem de fumar, mas quais são os prejuízos que o cigarro causa especialmente para os hipertensos? 
Sílvia Pinella – A associação da doença hipertensiva com o cigarro é muito perigosa. Os dois possuem ação semelhante: lesam e entopem progressivamente os vasos sanguíneos. Além disso, o cigarro influi sobre o aumento da frequência cardíaca, da própria pressão arterial e do consumo de oxigênio. Em suma, fumar é especialmente contraindicado para quem sofre de hipertensão.
Drauzio – Qual é a influência do peso corpóreo sobre o aumento da pressão?
Sílvia Pinella - Obesos têm pressão arterial mais alta e maior tendência a desenvolver diabetes.  Perder peso pode trazer reduções drásticas nos níveis da pressão. Emagrecer três ou quatro quilos é o suficiente para reduzir em 20% esses níveis ou, em certos casos, até para normalizar a pressão.
Drauzio – Que tipo de orientação nutricional você dá a seus pacientes? 
Sílvia Pinella – Diminuir a quantidade de sal e de gorduras é a primeira recomendação. Gordura em excesso é sempre prejudicial. Quando necessário usá-la, deve dar-se preferência aos óleos vegetais.
O paciente que quer perder peso precisa cortar o consumo de carboidratos, um dos maiores responsáveis pela obesidade. Doces, bolos, chocolates, balas têm de ser eliminados da dieta. Os carboidratos estruturais (massas, arroz, pães, batata, etc.) devem ser ingeridos com parcimônia.

Drauzio – O café faz subir a pressão?
Silvia Pinella – O café é um estimulador cardíaco e dos vasos sanguíneos que pode provocar taquicardia, vasoconstrição e liberar adrenalina.
Drauzio – Para as crianças, a recomendação é diferente?
Silvia Pinella – Para as crianças, as recomendações são praticamente as mesmas. A diferença é que, na criança, a hipertensão tem, em geral, uma causa tratável, diferente do que acontece com a maioria dos adultos. Neles as causas da pressão alta são múltiplas: obesidade, genética, sedentarismo, estresse, influência do meio ambiente e do tipo de alimentação, etc.
Drauzio – Qual é a importância da atividade física para o controle da pressão arterial?
Silvia Pinella – A atividade física é essencial para o controle da pressão arterial. Ela melhora a performance cardíaca e faz o pulmão trabalhar melhor. Antigamente se preconizava apenas os exercícios aeróbicos (corrida, bicicleta, caminhadas, natação) para os hipertensos que não deveriam fazer exercícios anaeróbicos, por exemplo, musculação, porque a resistência própria desse tipo de exercício faz a pressão subir. Desde que a pressão esteja controlada, eles podem fazer musculação três vezes por semana, contanto que mantenham constante a prática dos exercícios aeróbicos.
Drauzio – Esse é um conceito importante, porque muita gente com pressão alta tem medo de fazer exercícios. Na verdade, quem tem pressão alta precisa de muita atividade física.
Sílvia Pinella – A única coisa que se pede é que haja um controle dos níveis da pressão para que a pessoa possa fazer os exercícios com mais segurança. O hipertenso tem um padrão de resposta ao exercício diferente: tanto a máxima (sístole) quanto a mínima (diástole) sobem e, porque a abertura dos vasos sanguíneos não ocorre ou é insuficiente, o objetivo da prática de atividade física é fazer a mínima baixar como acontece com os normotensos que, durante os exercícios, têm aumento da pressão máxima e diminuição da mínima para que os músculos fiquem bem irrigados.

Drauzio – Que estratégia você usa para motivar os doentes a tomarem remédio todos os dias até o fim da vida para manter a pressão normal?
Sílvia Pinella - Acho que o esclarecimento é o melhor caminho. Os pacientes que sabem que sua pressão só está controlada porque estão tomando remédio, sabem também que ela irá subir se a medicação for suspensa.
Na prática, porém, nem sempre essa norma é respeitada. Iludidos pelos valores 12/8, conseguidos à custa do tratamento, muitas vezes, eles deixam de tomar os medicamentos e a pressão aumenta. É preciso lembrar que esses picos são perigosos para o cérebro e o coração.



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Sal e pressão alta por Dr. Drauzio Varella


Material do Grupo Bateria de Exames
No passado, os hipertensos eram simplesmente proibidos de comer sal. Hoje, não somos tão radicais, porque o cloreto de sódio é um mineral indispensável para o funcionamento das células, devendo ser ingerido mesmo por quem sofre de pressão alta.
Mas é preciso cuidado, porque cerca de 60% das pessoas apresentam sensibilidade exagerada a ele. Organismos que acumulam sódio com mais facilidade retêm líquido em excesso e podem apresentar tendência à hipertensão.
Para cada nove gramas de sal ingerido, o corpo retém em média 1 litro de água. São mais sensíveis os negros, as mulheres e homens com mais de 65 anos, os portadores de diabetes e aqueles que têm familiares sensíveis aos efeitos do sal.
Embora estejam bem documentados os efeitos benéficos da redução de sal em casos de hipertensão de intensidade leve ou moderada, faltavam estudos nos casos mais graves.
A revista “Hypertension” publica o primeiro estudo que avalia o papel do sal em pessoas portadoras de hipertensão resistente, definida como pressão arterial elevada apesar do uso de três ou mais medicamentos.
Quadros hipertensivos resistentes como esse constituem um problema relativamente comum: afetam de 20% a 30% dos hipertensos, e sua frequência tem aumentado em paralelo com a propagação da epidemia de obesidade.
O estudo foi conduzido com apenas doze participantes, no ambulatório de Hipertensão da Universidade de Alabama. Os autores compararam dois níveis de ingestão de sódio: 5,7 gramas por dia versus 1,15 gramas (um pacotinho de sal contém cerca de 1 grama).
Apesar do pequeno número de participantes, o trabalho foi árduo. Os pacientes foram colocados alternadamente em dietas rígidas contendo um desses dois níveis de consumo de sódio, por períodos com duração de uma semana. A pressão arterial foi medida em diversos horários e monitorada por aparelho portátil durante as 24 horas do dia. Metade dos pacientes eram negros e 7% mulheres. O Índice de Massa Corpórea (IMC = peso/altura x altura) médio foi de 32,9 kg/m2 (portanto na faixa de obesidade). A pressão arterial média inicial do grupo era 14,6 por 8,4 (em cm). Os pacientes tomavam, em média, três a quatro medicações anti-hipertensivas, diariamente.
As comparações entre os dois grupos revelaram que aqueles mantidos com 1,15 gramas diárias de sódio apresentaram redução média de 2,27 cm na pressão máxima e de 0,91 cm na mínima.
No editorial que acompanha o artigo publicado, Lawrence Appel, da Johns Hopkins University, comenta: “Essas diminuições da pressão arterial excedem às que foram obtidas em outros estudos sobre dietas com pouco sal em indivíduos com hipertensão não tratada”. E acrescenta: “Os níveis de redução da pressão observados equivalem a acrescentar mais uma ou duas drogas nos esquemas desses casos resistentes”.
Outro achado surpreendente foi o alto nível de consumo de sal relatado pelos participantes, antes do início do estudo, período em que cada um escolhia a dieta que melhor lhe aprouvesse. Nessa fase inicial, o consumo médio era de 4,5 gramas diárias, mais do que o dobro da dose máxima recomendada para a população em geral e mais do que o triplo da indicada para quem sofre de hipertensão.
Os autores concordam que é praticamente impossível alcançar níveis de ingestão de sódio próximos de 1,15 gramas diárias, na vida prática. A experiência mostra que, mesmo com aconselhamento intensivo, enfocado apenas na redução do consumo de sal, as médias atingidas mal chegam ao dobro dessa.
Um dos maiores obstáculos para a redução da quantidade de sódio na dieta dos hipertensos é o alto teor de sal existente nos alimentos processados e nas comidas preparadas em restaurantes. Num mundo em que as pessoas ativas fazem boa parte das refeições fora de casa, não é fácil adotar dietas restritivas como a proposta pelo estudo.
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Um em cada três adultos tem pressão alta, diz OMS



Por Tainah Medeiros
A OMS (Organização Mundial da Saúde) divulgou nesta quarta-feira (16/05/2012) seu relatório anual, que pela primeira vez traz informações sobre hipertensão arterial. De acordo com o levantamento, um em cada três adultos tem pressão alta. Além disso, o documento ressalta que meio bilhão de pessoas está na faixa de obesidade e 10% da população mundial têm diabetes.
São enfermidades tão comuns que é difícil não conhecer alguém que sofra de pelo menos uma delas. Por serem tão comuns, muitas vezes se perde a dimensão de sua gravidade, mas essas três doenças são as maiores responsáveis por problemas cardiovasculares, a principal causa de mortes em todo o mundo.
A hipertensão, definida pela pressão arterial igual ou superior a 14 por nove, é responsável pela metade das mortes por derrame e por 45% dos problemas cardíacos.
Aqui no Brasil, 22,7% dos adultos sofrem de hipertensão e as ocorrências aumentam conforme a idade, chegando a atingir quase 60% da população com mais de 65 anos. Já na faixa etária de 18 a 24 anos, 5,4% são diagnosticados com hipertensão.
Já o sobrepeso e a obesidade, caracterizados pelo excesso de gordura no organismo, podem levar ao diabetes, que provoca problemas cardiovasculares, cegueira e insuficiência renal.
Essa foi a primeira vez que a OMS divulgou em seu relatório anual dados sobre o hipertensão, obesidade e nível de glicose em homens e mulheres de 194 países.
O PDF do relatório completo, com dados sobre várias outras doenças, pode ser baixado em três línguas (inglês, francês e espanhol) aqui.

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quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Hipertensão em idosos


Material do Grupo Bateria de Exames


Dr. Alberto de Macedo Soares é médico geriatra do Hospital das Clínicas de São Paulo e professor de Geriatria da Faculdade de Medicina de Santos (SP).

Pressão alta é doença traiçoeira e democrática. Traiçoeira, porque não dá sintomas. Democrática, porque se manifesta em qualquer idade (crianças, adultos e idosos), nos dois sexos e em qualquer etnia (branca, negra, amarela).
Muita gente pensa que a hipertensão provoca dor na nuca, dor de cabeça e pontos luminosos que perturbam a visão. Não é verdade. É frequente descobrir que a pressão arterial está alta, quando a pessoa vai ao médico por qualquer motivo e custa a crer no diagnóstico, uma vez que os sintomas só aparecem nos casos de aumento brusco da pressão.
Ninguém mais discute, porém, que a incidência dessa doença aumenta com a idade. Mais ou menos 50% dos homens e mulheres acima dos 50 anos apresentam hipertensão. Aos 60 anos, essa porcentagem sobe para 60% e, daí em diante, não pára de crescer. São tão comuns os casos de hipertensão em idosos que não seria exagero dizer que, depois de certa idade, é quase normal ter pressão alta.
CAUSAS
Drauzio – Por que a pressão arterial sobe com a idade?
Alberto de Macedo Soares – Vamos estabelecer uma analogia entre o corpo humano e o sistema hidráulico. Os canos seriam os vasos sanguíneos; os rins, o ladrão por onde sairia o excesso de líquido; o coração, a bomba que faria circular esse líquido e o cérebro, o computador que regeria todas essas funções. Assim como, com o passar dos anos os resíduos aderem aos canos, há depósito de cálcio nos vasos sanguíneos, que vão enrijecendo e tornando mais estreita sua luz , o que obrigatoriamente aumenta a pressão do sangue no seu interior. Pressão arterial elevada acaba prejudicando não só os rins, mas o coração e principalmente o cérebro.
Drauzio – A pressão arterial aumenta obrigatoriamente com a idade?
Alberto de Macedo Soares – A incidência de hipertensão está nitidamente relacionada com a idade. Aos 20 anos, 20% dos indivíduos têm pressão alta; aos 30 anos, 30% e, aos 80 anos, 80% têm hipertensão.
Drauzio – Quem tem pai e mãe hipertensos corre maior risco de desenvolver a doença?
Alberto de Macedo Soares – As manifestações genéticas são mais frequentes na população mais jovem. A partir do momento em que a alteração é induzida pelo depósito de cálcio responsável pela resistência dos vasos, o componente genético é menor.
Drauzio – Existem outras causas que explicam a hipertensão nos idosos?
Alberto de Macedo Soares – Especialmente nos estados pré-diabéticos, os idosos podem ter  descarga maior da insulina que o próprio organismo produz. Essa hiperinsulemia libera substâncias que agem no cérebro e aumentam a absorção de sal pelos rins, o que acaba acarretando hipertensão. Lesões no endotélio (camada interna que reveste os vasos) provocadas por diabetes, menopausa, alcoolismo também predispõem à hipertensão e são prevalentes na população mais idosa.
Drauzio – A partir da menopausa, as mulheres estão mais sujeitas a doenças cardiovasculares de modo geral e, mais especificamente, à hipertensão. Existe relação entre pressão arterial alta e os hormônios femininos?
Alberto de Macedo Soares – Na menopausa, há uma liberação menor de estrógeno, hormônio diretamente relacionado com o endotélio, órgão que sintetiza proteínas e hormônios e é responsável pela dilatação e contrição dos vasos sanguíneos. Menor produção de estrógeno torna vulnerável essa camada interna dos vasos que deixa de liberar substâncias vasoconstritoras e provoca o aumento da pressão arterial.
Drauzio – No passado, imaginava-se que o endotélio era apenas o revestimento interno de todos os vasos…
Alberto de Macedo Soares – Achava-se que era o revestimento interno dos vasos ou uma barreira para trocar água e macromoléculas. Hoje se sabe que o endotélio é um órgão essencial e pode ser lesado em várias doenças.
DIAGNÓSTICO
Drauzio – Os médicos sempre se referem à hipertensão como uma doença traiçoeira, porque não dá sintomas. De acordo com sua experiência, como as pessoas mais idosas descobrem que a pressão arterial está alta?
Alberto de Macedo Soares – Hipertensão é uma doença realmente traiçoeira. Quem pensa que dá dor de cabeça, tontura, zumbido no ouvido, sangramento nasal ou deixa ver estrelinhas durante o dia, está redondamente enganado. A grande maioria dos idosos não apresenta sintoma nenhum e vai ao médico para uma consulta de rotina, porque o filho mandou, porque está com dor no joelho ou sente um cansaço inexplicável. Aí, quando medimos sua pressão, descobrimos que está muito alta, 21/14, 20/12. Esses valores têm de ser revertidos para os padrões normais a fim de evitar complicações graves. No entanto, isso tem de ser feito aos poucos, principalmente nos idosos.
Na verdade, é muito raro um idoso normotenso apresentar hipertensão de uma hora para outra. Em geral, a pressão começou a aumentar devagarinho, quando tinha 50 anos, e o problema só foi diagnosticado bem mais tarde. Os sintomas não apareceram porque, de certa forma, seu organismo foi-se acostumando com a elevação. Reverter o quadro abruptamente provoca sintomas deletérios, como tontura, sonolência e fraqueza, que induzirão o paciente a interromper o tratamento. Por isso, as doses são ajustadas devagar.
VALORES NUMÉRICOS
Drauzio – Quais são os valores numéricos indicativos da pressão alta?
Alberto de Macedo Soares – Até o final da década de 1990, considerava-se um idoso hipertenso, quando apresentava 16/9,5 de pressão, ou seja, 160mm/95mm de mercúrio. Depois, descobriu-se que valores de pressão arterial sistólica (máxima) entre 14 e 16 aumentam o risco de complicações. Por isso, o limite aceitável tornou-se mais rigoroso e considera-se hipertenso o idoso com pressão igual ou acima de 14/9.
Drauzio – Vamos lembrar que, hoje, a pressão considerada ótima é 11/7, e 12/7 é considerada normal. Máxima de 13 e mínima entre 8 e 9 são valores limítrofes. Quando fiz faculdade, os limites eram mais flexíveis. Aceitava-se, como normal, o aumento de 1cm de mercúrio por década de vida. Portanto, uma pessoa que tivesse 14/9 aos 50 anos, poderia ter 15/10 aos 60 anos, 16/11 ou 17/11 aos setenta.
Alberto de Macedo Soares – Antigamente, a pressão alta era vista como um fenômeno natural do envelhecimento. De 20 anos para cá, tem-se tentado derrubar essa teoria e intensificar o tratamento para a hipertensão. Estudos envolvendo milhares de idosos demonstraram que o tratamento para reduzir os valores da pressão arterial afasta os riscos das complicações associadas a essa doença.
Drauzio – Quais são essas complicações?
Alberto de Macedo Soares – Elas se manifestam principalmente no coração, cérebro e rins. Idoso com pressão alta, mesmo sem nenhum sintoma, pode ter derrame cerebral, infarto, insuficiência renal e cardíaca e comprometimento dos vasos sangüíneos periféricos. Estatísticas mostram que de 60% a 65% dos idosos que têm infarto e 70% dos que têm derrame são portadores de hipertensão arterial, pois pressão alta provoca uma agressão silenciosa que deteriora os vasos até que eles se fecham ou se rompem.
ESTILO DE VIDA
Drauzio – O controle da hipertensão arterial reduziu muito os casos de derrame cerebral e, em geral, o tratamento requer a utilização de medicamentos. No entanto, indivíduo com pressão pouco acima do normal diagnosticada precocemente pode prescindir dos remédios. Que medidas valem para esses pacientes manterem os valores da pressão em níveis normais?
Alberto de Macedo Soares – Há pessoas que ainda não são hipertensas, mas têm níveis que suscitam alguma preocupação. Tanto é que os americanos classificam como pré-hipertensa a população com 13/9 e 13,5/9 de pressão arterial. Esses pacientes, muitas vezes, conseguem trazer os niveis pressóricos para a normalidade sem tomar remédios, mas adotando alguns cuidados. Primeiro, reduzindo o excesso de peso. Costumo dizer que emagrecer cinco quilos faz baixar 5mm na pressão. Se era 16, cai para 15,5. É pouco? Não é, porque vamos somando conquistas. A prática de atividade física ajuda a reduzir mais um ponto. Diminuir a ingesta de sal, mais um ponto. Portanto, algumas mudanças nos hábitos de vida ajudam a baixar a pressão arterial.
Drauzio – Qual é nossa necessidade diária de sal?
Alberto de M. Soares – Nossa necessidade diária de sal é mais ou menos dois gramas, mas chegamos a ingerir oito gramas por dia em média. Se pensarmos naqueles indivíduos que nem experimentam a comida e já colocam mais sal no prato, esses ingerem vinte gramas por dia, dez vezes mais do que realmente precisariam.
Drauzio – Que outras medidas podem ajudar os pré-hipertensos a controlar a pressão?
Alberto de Macedo Soares – O álcool libera substâncias que fazem a pressão arterial subir; por isso seu consumo deve ser evitado. Além disso, cada vez mais se tem discutido sobre a importância das técnicas de relaxamento para o controle da hipertensão. Antigamente se achava que o estresse aumentava a pressão momentaneamente. Não é verdade. Ele é responsável pela elevação permanente da pressão arterial. Artigo publicado em junho de 2005, no “Journal of Hypertension”, uma revista americana especializada no assunto, demonstrou que depois do evento de 11 de setembro, em cinco estados americanos, pessoas que passavam por avaliações de rotina e tinham pressão normal desenvolveram hipertensão. Procurou-se saber, então, se haviam comido mais sal, mudado de residência ou engordado, mas não foi encontrado nenhum outro fator determinante além do desastre do World Trade Center.
TRATAMENTO
Drauzio – Ninguém mais discute que pacientes com pressão alta têm de tomar medicação. Mas, se você recebe uma pessoa de 60 anos, com pressão arterial discretamente aumentada e estabelece um plano para que ela perca peso, pratique exercícios todos os dias e reduza a ingestão de sal, quanto tempo espera para ver se essas medidas realmente surtiram efeito?
Alberto de Macedo Soares – Solicito que a pessoa retorne depois de um mês para acompanhar a evolução do caso. É muito difícil mudar os hábitos de vida. Conseguir que o indivíduo pare de fumar, diminua a ingesta de bebidas alcoólicas e de sal, pratique atividade física aos 60 anos pressupõe uma luta heroica, da qual jamais deveremos desistir.
Costumo dizer aos meus pacientes: “Olhe, tenho uma notícia boa e outra ruim para lhe dar. A ruim é que o senhor está com pressão alta. A boa é que talvez não precise tomar remédios se mudar o estilo de vida. Daqui a um mês, o senhor retorna para vermos como está reagindo”.
Para respaldar essa conduta, um trabalho interessante foi realizado pelo professor Emílio Morigucchi, pesquisador em Geriatria da PUC do Rio Grande do Sul. Ele reuniu um grupo de 500 jovens e idosos que, mesmo tomando remédios, não conseguiam controlar a pressão e propôs que diminuíssem a medicação durante um mês. Nesse período, deveriam perder peso, reduzir a ingesta de sal e fazer relaxamento. Os resultados foram surpreendentes. Além de conseguir o controle pressórico, esses pacientes puderam reduzir as doses da medicação que tomavam habitualmente.
Isso prova que o tratamento não medicamentoso que pressupõe mudança dos hábitos de vida pode ser indicado, com bons resultados, para qualquer faixa de idade.
ADESÃO AO TRATAMENTO
Drauzio – É enorme a quantidade de medicamentos disponíveis e variados são seus mecanismos de ação. Eles baixam a pressão, controlando a capacidade de contração dos vasos, favorecendo a diurese, etc. Em geral, muitos desses remédios devem ser tomados pela vida inteira, o que dificulta a adesão ao tratamento. Depois de um tempo, o doente mede a pressão, está 12/8, mede de novo e obtém o mesmo valor, acha que está bem e suspende o tratamento. Como resolver esse problema?
Alberto de Macedo Soares – O primeiro passo é identificar qual é o melhor remédio para cada paciente em particular. Uma senhora que teve nove filhos e manifesta um pouco de dificuldade para controlar a urina, não deve tomar diurético para não agravar a incontinência urinária. Se a pessoa já teve um infarto, o remédio indicado é o betabloqueador, pois é específico para controlar a pressão e prevenir novos acidentes cardíacos. Com esses cuidados, consegue-se maior aderência ao tratamento, porque se evitam os efeitos adversos da medicação.
Outro aspecto importante a considerar é que reação do indivíduo, ao saber que deverá tomar um remédio toda a vida, é diferente daquela que tem, quando vai ao médico e precisa tomar antibiótico por dez dias, por exemplo.
Por isso, é fundamental alertar os pacientes e os profissionais que lidam com eles sobre a importância da aderência medicamentosa. Na Faculdade de Medicina de Santos, selecionamos um grupo de quase 200 idosos para investigar por que interrompiam o tratamento. A primeira causa foi a falta de dinheiro, como imaginávamos, porque nem sempre os remédios para controlar a pressão arterial são oferecidos gratuitamente. No entanto, como segunda e terceira causas (que somadas equivaliam à primeira), eles deixavam de tomar o remédio, porque não entendiam direito a receita ou achavam que estavam curados. Portanto, metade dos hipertensos que abandonam o tratamento, faz isso por desinformação. Muitas vezes, num hospital público, o hipertenso recebe 60 comprimidos e acha que o tratamento termina quando tomou o último comprimido da cartela.
Drauzio – Com que frequência o hipertenso que está medicado deve medir a pressão?
Alberto de Macedo Soares – Se a pressão arterial não estiver controlada, deve retornar ao médico a cada mês para avaliação. Se estiver controlada, as consultas podem ser espaçadas, mas deve fazer novo controle a cada seis meses, no máximo.
É importante lembrar que o médico deve ser avisado sempre que o paciente fizer uso de anti-inflamatórios e de descongestionantes nasais, porque esses medicamentos podem interferir nos níveis da pressão arterial.
Fonte: Dr. Drauzio Varella
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