Os primeiros registros de doenças causadas por vermes parasitários, ou helmintos, se encontram no papiro de Ebers, de 1500 a.C., em que se reconhecem descrições de tênias e lombrigas, estas últimas de incidência ainda bastante comum no Brasil e outros países do terceiro mundo no final do século XX.
Helmintos ou vermes são animais metazoários muitos dos quais parasitos que vivem em várias partes do corpo humano. Do ponto de vista taxionômico, pertencem a diversos filos e se caracterizam pela ausência de segmentação e um verdadeiro celoma, e a presença de protonefrídios, isto é, canais excretores ramificados com órgãos terminais unicelulares providos de cílios longos. Os helmintos podem-se classificar em três grandes grupos: nematódios, ou vermes cilíndricos; cestóides, ou vermes chatos; e trematódeos, providos de ventosas. Os helmintos podem multiplicar-se dentro ou fora do corpo do hospedeiro. Isso depende do ciclo vital específico de cada parasito. Os que parasitam o intestino do homem quase nunca produzem por si sós a morte do hospedeiro. Trazem, no entanto, malefícios ao organismo parasitado, muitas vezes debilitando-o perigosamente. Entre os helmintos intestinais mais comuns estão os oxiúros, os ascarídeos, os ancilóstomos e as tênias. Os oxiúros (Enterobius vermicularis), parasitos que afetam o homem com muita freqüência, são vermes pequenos (até dois centímetros) e brancos. Habitam a região do ceco-apêndice humano, de onde a fêmea fecundada emigra para depositar ovos embrionados às margens do ânus e nas pregas perianais. Por isso, os sintomas principais da oxiurose são o prurido anal e a tensão nervosa. Os ascarídeos, conhecidos vulgarmente como lombrigas, são, depois dos oxiúros, os vermes que mais freqüentemente parasitam o intestino humano. A fêmea pode chegar aos trinta centímetros, enquanto o macho só atinge metade desse tamanho. Os ovos fertilizados desenvolvem-se facilmente e são encontrados na poeira doméstica, terra dos jardins etc. A infecção se processa pelas mãos sujas ou por intermédio da água, frutas, legumes. Normalmente os vermes habitam o intestino delgado. Em caso de infecção grave podem invadir vários pontos do organismo, ocasionando problemas de maior ou menor gravidade. O ancilóstomo e o necátor (Ancylostoma duodenale e Necator americanus) causam uma doença conhecida como ancilostomíase ou necatoríase, anemia tropical, uncinariose, amarelão ou opilação, sério problema de saúde pública, especialmente no interior brasileiro. Os ancilóstomos são parasitos chupadores de sangue, característica que produz graves sintomas, como anemia hipocrômica e microcítica. O tricocéfalo (Trichuris trichiura) é um verme de incidência comum em crianças. Permanece fixado pela extremidade anterior na mucosa do ceco-apêndice e pode invadir o intestino grosso. Cada fêmea adulta do tricocéfalo põe cerca de quatro mil ovos por dia, que são eliminados nas fezes. Ingeridos com a água e os alimentos, ou levados à boca em pedaços de terra (geofagia), ou pelos dedos, os ovos chegam ao duodeno, donde as larvas migram para o habitat definitivo e atingem a maturidade em cerca de três meses. A sintomatologia é bastante vaga: nos casos mais graves, observam-se palidez, perda de peso, anemia, anorexia, náuseas, vômitos, diarréia mucossanguinolenta, dores abdominais, tenesmo (dificuldade de defecar ou urinar, com sensação dolorosa no reto ou na bexiga). O estrongilóide (Strongyloides stercoralis) é um helminto de ciclo evolutivo bastante complexo, com dupla modalidade biológica: uma forma parasitária e outra de vida livre. A fêmea parasita mede pouco mais de dois milímetros de comprimento e vive na mucosa do duodeno ou do jejuno. Aí deposita os ovos embrionados, que dão saída às larvas, posteriormente eliminadas com as fezes. A ação patogênica desse verme manifesta-se em alterações de natureza mecânica, traumática, irritativa e, às vezes, de ordem tóxica ou alérgica. As tênias são vermes de corpo chato e largo, que vivem principalmente no intestino humano. Existem cerca de quarenta espécies, das quais as mais comuns no Brasil são a Taenia solium e a Taenia saginata. Em geral, o contágio se dá por ingestão de alimentos, que veiculam os ovos ou as larvas. Os vermes adultos vivem fixados pela extremidade cefálica à parede do intestino humano. Em geral só existe um exemplar infectante no intestino, razão por que esse verme é conhecido como "solitária". Sua vida, contudo, pode ser muito prolongada, às vezes até vinte anos, e pode produzir dez ou mais segmentos todos os dias, pelo que vez por outra alcança comprimento de até dez metros. As filárias são helmintos parasitos obrigatórios durante toda a vida e necessitam de dois hospedeiros, um obrigatório ou definitivo, onde vivem e se reproduzem, e outro intermediário, em que evoluem as formas imaturas. Os vermes adultos ou "macrofilárias" vivem no sistema linfático, cavidades serosas ou tecido conjuntivo do homem. Os embriões ou "microfilárias", segundo a espécie, fazem apenas curta migração pela pele ou tecido celular subcutâneo do hospedeiro vertebrado, ou chegam à circulação periférica. Sempre, porém, estão ao alcance do hospedeiro intermediário, de que necessitam para completar seu ciclo evolutivo. O Schistosoma mansoni é o agente causal da esquistossomose, ou doença de Manson-Pirajá da Silva, um dos mais graves problemas de saúde pública no Brasil. Essa helmintose está condicionada à eliminação dos ovos do parasito com as fezes de pacientes infectados e à presença do hospedeiro intermediário, um caramujo do gênero Biomphalaria comumente encontrados em lagoas, represas, canais de irrigação, córregos etc.
FONTE: BIOMANIA
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