As centopéias ou lacraias passam o dia em buracos na terra, ou sob pedras, cascas de troncos e monturos de lixo. À noite, saem à caça de outros invertebrados. Suas picadas venenosas podem matar pequenos animais; no homem, causam dor intensa, mas não se tem notícia, no Brasil, de intoxicações fatais.
Invertebrado artrópode da classe dos quilópodes, a centopéia tem o corpo comprido, em geral achatado, com muitos segmentos. Caracteriza-se pelos numerosos pares de patas, de 15 a 181, conforme a espécie. É terrestre e respira por traquéias. Existem cerca de três mil espécies, a maior das quais, Scolopendra gigantea, da América do Sul, atinge 26cm de comprimento. Por terem certas semelhanças estruturais e de comportamento com animais de outra classe de artrópodes - a dos diplópodes - os quilópodes são reunidos a esses sob a denominação de miriápodes. Na cabeça da maioria das centopéias, onde se aloja o cérebro, distinguem-se um par de antenas, quatro ocelos, um par de olhos compostos, um par de mandíbulas, muitas vezes com dentes bem constituídos, e um par de forcípulas que terminam em garras e por meio das quais é feita a inoculação do veneno. O tronco apresenta mais de vinte segmentos, cada qual com um par de patas. Os três últimos, desprovidos de patas, abrigam o ânus e o poro genital. As diferentes espécies de centopéias enquadram-se em quatro ordens. A dos geofilomorfos, em que há de 31 a 181 pares de patas curtas, compreende mais de mil espécies sem olhos, espalhadas por todos os continentes, se bem que mais comuns em climas quentes e úmidos. A ordem dos escolopendromorfos, em que há de 21 a 23 pares de pernas, inclui perto de 600 espécies e alguns dos gêneros mais representados no Brasil, como Scolopendra e Otostigmus. Na ordem dos litobiomorfos e na dos escutigeromorfos, as patas se reduzem a 15 pares. Muitas centopéias, sobretudo as da ordem dos geofilomorfos, usam as forcípulas e alguns pares de patas dianteiras para escavar a terra. Se há espécies que aproveitam túneis feitos por minhocas, há as que abrem suas próprias câmaras, com vinte a quarenta centímetros de profundidade, onde mudam de pele e cuidam dos ovos e dos filhotes.
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