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sábado, 24 de novembro de 2012

Um Resumo da Rio +20 – Críticas, Avanços e Práticas: Será o Futuro que Queremos?



 


 
 Muitas foram as discussões e  manifestações em torno da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), realizada no Rio de Janeiro em junho deste ano. Em meio aos debates e ao registro de um Documento denominado: “O Futuro que Queremos”, muitas foram as críticas negativas expressadas por conhecedores do tema “Desenvolvimento Sustentável”, como também o reconhecimento de alguns avanços trazidos nas discussões e práticas.
O que importa é fazer uma análise do que ocorreu e resgatar o legado que a Conferência poderá nos deixar como aprendizado.
Os textos publicados na mídia, abordam as diversas dimensões que circularam no evento. Os textos trazem análises de pontos específicos, como as mudanças climáticas e seus efeitos, a discussão em torno das métricas para restrição das emissões de gases de efeito estufa, o impasse que envolve o uso da terra, a escassez de água e as preocupações com os oceanos, o uso eficiente dos recursos naturais, o desenvolvimento de novas tecnologias voltadas para o desenvolvimento sustentável, as discussões inseridas no debate da pobreza e da fome no mundo, a questão social, os investimentos e as responsabilidades por parte dos governos,  e todos os assuntos periféricos que cercam a temática. Um dos pontos chaves, foi de tentar encontrar um ponto de “cola identitária” entre, o desenvolvimento e crescimento econômico e as diretrizes do desenvolvimento sustentável, este sim, o foco de maior interesse da governança global.
Entre defensores e opositores, para a maioria dos críticos, o Documento gerado pela Conferência não trouxe maiores avanços e compromissos, muitos deles foram deixados para um debate futuro (como no caso da conferência de Durban, que deixou para 2020 aredução de emissões de gases causadores do efeito estufa). Os mais duros garantem que pode ser tarde demais, para efetivar ações de defesa em relação ao meio ambiente.
 Luiz Carlos Baldicero Molion (Universidade Federal do Alagoas) pesquisador em dinâmicas do clima e mudanças climáticas e gestor da Comissão Climatológica  – organização meteorológica mundial, comenta que,  “os artigos sobre compromissos, metas e definições foram retirados”. Outra critica apontada é de que os “modelos matemáticos em que se baseiam as projeções de mudança, são simplificados e equivocados” (2012).
Outro crítico é Rockström, cientista sueco e coordenador de um grupo de Prêmios Nobel, que produziu uma carta de recomendações a respeito da sustentabilidade global, para dar suporte as decisões da Conferência. Para o cientista, as pesquisas mostram que avançamos o limite do bom relacionamento com a Terra. Em 2009 estes limites eram: biodiversidades, mudanças climáticas e ciclo de nitrogênio (correspondente ao uso demasiado de fertilizantes entre outras mazelas ambientais). Rockström avisa que chegamos ao “teto do que o planeta é capaz de suportar sem gerar nenhuma surpresa”. Uma de suas maiores críticas é o distanciamento da ciência no debate político das conferências ambientais da ONU. O estudioso ressalta que os governos não escutam e a impressão não se interessa por cientistas. Para Rockström, “a Rio+20 não nos leva muito longe para resolver o problema. O texto não reflete a urgência que enfrentamos.[...] Se não acertarmos agora, será tarde demais: a Rio+30 não vai resolver”. (2012).
Bokova, Diretora-geral da Unesco,  Ek, Ministra do Meio Ambiente da Suécia, Hirano,   Ministro da Educação, Cultura, Esporte e Tecnologia do Japão(2012),  informa que é preciso se antecipar ás políticas e acordos econômicos. Para os mesmos, a forma de efetivar uma sociedade apta a viver sob as diretrizes do desenvolvimento sustentável é aquela que  possui conhecimento adequado e em habilidades e valores pautados no desenvolvimento sustentável.
As lições aprendidas pelos representantes dos países acima citados, remetem a um argumento central e este argumento passa pela educação para o desenvolvimento sustentável (EDS). O foco é começar cedo, dentro das escolas, por meio de revisões curriculares, qualificações profissionais, programas educacionais, capacitação ampla de profissionais. É preciso formar uma sociedade apta para se inserirem em “empregos verdes”, criando novas competências essenciais para a inovação voltada ao desenvolvimento sustentável. Para estes representantes é preciso inserir a educação para o desenvolvimento sustentável nas estratégias e deve ser parte do quadro de cooperação pós-2015.
 A Suécia tornou obrigatório no currículo nacional de ensino à aprendizagem do desenvolvimento sustentável (leia mais nos textos escritos por Arbache em pesquisa realizada na Suécia em 2011). O Japão inseriu a EDS nas diretrizes curriculares nacionais. A China já possui projeto piloto em 10 mil escolas com EDS.  A título de contribuição, Brasil inseriu nos Parâmetros Curriculares Nacionais de 1996, o tema transversal do “meio ambiente”, que passou a ser trabalho no ensino fundamental (leia mais a respeito os textos de Arbache 2012).
Do documento, para a prática, muitas são as evidências de que um setor da sociedade já está se movimentando para dar respostas mais efetivas às demandas de crescimento econômico com desenvolvimento sustentável. Algumas empresas já demonstram para o mercado as suas práticas e intenções em torno do tema. Para Ernst  Ligteringen,  presidente da Global Reporting Iniciative (GRI), há um movimento para encorajar as companhias a divulgarem informações sobre sustentabilidade. As informações abordam a respeito do uso da água e energia, relacionamento com comunidades e seus diferentes públicos de relacionamento, conservação de florestas, com integração das informações econômicas. Estes relatórios, na visão do presidente, tem se tornando cada vez mais consistentes e poderão ajudar na relação com investidores, acionistas, consumidores e toda a sociedade. BM&FBOVESPA tem incentivado as empresas a publicarem seus relatórios socioambientais (Leia mais em textos referentes a visita de Arbache à BM&FBOVESPA, 2012). Ernst  Ligteringen, chamou a atenção na ocasião do evento da ONU de que “uma das dificuldades é as empresas entenderem que não se trata de marketing, mas de comunicar de forma consistente e objetiva os impactos ambientais que elas têm causado e o que tem sido feito para superar os desafios” (2012).
Frias (2012) compilou algumas práticas relevantes já exercidas por empresas brasileiras, que antecipam das discussões da conferência. Estas práticas já demarcam o compromisso claro com metas e vale ressaltar que, as 400 companhias brasileiras que integram o Pacto Global, divulgaram documento assumindo o compromisso com dez práticas: ampliar a eficiência do uso de recursos naturais, reduzir desperdício, gerar empregos dignos, apoiar políticas do governo brasileiro nessa área, direcionar investimentos para fortalecer a educação e a inclusão, entre outras). As práticas assumidas por sete empresas podem ser analisadas abaixo.
 
Quadro Adaptado: FRIAS, Maria Cristina. Antes da Rio+40. Folha de São Paulo. São Paulo, 24 de junho de 2012, Mercado Aberto p.B2 Mercado.
Portanto, passando por diferentes visões e ações, o que a Rio+20 deixa de legado é uma maior tomada de consciência em relação ao tema. A grandiosidade do evento vivido na América do Sul mostra que, boa parte da população do planeta já pensa em como será o futuro, mas ainda não sabe aos certo, se será o futuro que realmente queremos!
Referências Bibliográficas
BALDICERO, Luiz  Carlos apud Righetti, Sabine. Terrorismo sobre o clima é ameaça à soberania nacional. Folha de São Paulo. São Paulo. 27 de junho de 2012, Ciência Mais Saúde, p. C9
BOKAVA, Irina, EK, Lena, HIRANO, Hirofumi. Depois da Rio +20. Folha de São Paulo. São Paulo. 24 de junho de 2012. p.A3.
FRIAS, Maria Cristina. Antes da Rio+40. Folha de São Paulo. São Paulo, 24 de junho de 2012, Mercado Aberto p.B2 Mercado.
LIGTERINGEN, Ernst apud ANGELO, Claudio. Rio +20 cobra relatório ambiental na Bolsa. Folha de São Paulo. São Paulo. 25 de junho de 2012, p.B4.
ROCKSTRÖN,Johan apud. ANGELO, Claudio. Inação está levando o planeta ao limite. Folha de São Paulo. São Paulo. 25 de junho de 2012. Ciência mais Saúde, p.C7.
Fonte: Arbache
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