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quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Primeiros socorros


Material do Grupo de Primeiros Socorros 2012


Fernando Bueno Leitão é médico, professor de Anestesiologia no Hospital das Clínicas de São Paulo e coordenador do curso de primeiros socorros para profissionais da saúde do HC.
As medidas que se tomam no momento de um acidente podem ser fundamentais para a saúde e a vida das pessoas que se machucaram. No entanto, em grande parte dos casos, acidentes que ocorrem no dia a dia, muitas vezes dentro de casa, recebem tratamento inadequado.

Quando uma criança rala o joelho, quantas mães não correm solícitas até a farmacinha doméstica, pegam merthiolate, mercurocromo, iodo, pomadas, substâncias que em geral causam ardor, espalham sobre o ferimento e sopram para aliviar o sofrimento do filho sem dar-se conta de que estão jogando os germes de sua garganta sobre uma ferida aberta.
Em relação às queimaduras, o panorama não é diferente. Coloca-se de tudo sobre a região afetada. Uns passam manteiga; outros, pó de café ou uma infinidade de pomadas que se encontram à disposição no mercado, e há os que esfregam a pele danificada pelo calor nos cabelos agredindo-a mais ainda.
E o que fazer quando uma pessoa cai da escada, quebra uma perna ou um braço ou sofre um acidente na rua? O primeiro atendimento que recebe pode salvá-la da invalidez. O caso do ator Christopher Reeves, o Super-Homem do cinema, que ficou tetraplégico depois de ter caído do cavalo, ilustra bem essa situação.

PREVENIR É O MELHOR REMÉDIO
Drauzio – Você concorda com a ideia de que as pessoas, em geral, tratam de forma inadequada os ferimentos do dia a dia?
Fernando Bueno Leitão – A grande maioria da população age de acordo com o conceito de que ferimentos ou queimaduras podem ser tratados com o que estiver à mão na hora do acidente. Lamentavelmente, trata-se de um erro que pode trazer consequências graves. Por isso, o principal objetivo de nosso trabalho é esclarecer as pessoas a respeito de dois aspectos: prevenção de acidentes e primeiros socorros.

Sem dúvida, o mais importante é a prevenção. O cuidado consigo próprio, com as crianças e com os idosos para evitar que acidentes aconteçam deve ser nossa maior preocupação. No entanto, como eles podem sempre acontecer, é necessário enfatizar os princípios básicos que o leigo deve conhecer para cuidar da pessoa que se feriu, queimou ou sofreu uma queda, não só no sentido de prestar um primeiro atendimento adequado àquele caso, mas para evitar que uma conduta mal orientada agrave a situação.

Drauzio – Quais são os cuidados preventivos fundamentais para evitar os acidentes que, em grande número, ocorrem dentro de casa?
Fernando Bueno Leitão – Isso merece atenção especialmente no que se refere aos idosos. Na hora do banho de chuveiro, por exemplo, um aparador preso à parede do banheiro, que sirva de apoio para a pessoa, pode evitar um escorregão e um tombo provocados pelo chão molhado e com sabão. Tapetes soltos e que não aderem ao solo representam outra fonte de perigo e descer escadas requer também bastante atenção. Às vezes, a pessoa desce depressa e não percebe que ainda tinha um degrau ou que não tinha mais nenhum, desequilibra-se e cai.

Outro tipo de prevenção que deve ser observada dentro de casa, especialmente direcionada às crianças, diz respeito aos objetos cortantes ou perfurocortantes. Não se deve deixar à mão ou à vista delas tesouras, alicates de unha, facas, chaves de fenda, etc. Outra coisa para a qual chamo a atenção e que com frequência passa despercebida é a maneira de colocar os talheres depois de lavados no secador. As pontas devem ficar viradas para baixo, posição que diminui o risco de acidentes.

O PERIGO MORA AO LADO
Drauzio – Muitos perigos estão na cozinha. A pessoa pode machucar-se quando usa facas afiadíssimas para cortar ingredientes duros ou carne, por exemplo.
Fernando Bueno Leitão – Se você prestar atenção, nos frigoríficos, os açougueiros usam uma luva de malha de ferro articulada para proteger as mãos quando lidam com facas afiadíssimas para cortar a carne. Em casa, ninguém se protege e não é raro a ponta de um dedo ser amputada durante o manuseio desses objetos.

Isso para não falar das facas elétricas com as quais se corta qualquer coisa. À disposição de pessoas inexperientes que as estão usando pela primeira vez, podem causar grande estrago e, por isso, seu uso deve ser evitado.

Drauzio – Essas facas modernas cortam tudo, inclusive o dedo de quem as usa. Por isso, devem ser usadas com cuidado e atenção. É preciso colocar uma tábua embaixo do que vai ser cortado e estar alerta. No entanto, quem já não viu homens e mulheres com crianças correndo por perto, usando essas facas de qualquer jeito, preocupados com outras coisas e sem prestar atenção no que fazem?
Fernando Bueno Leitão – Além do risco que representam em si mesmas, essas facas são, na maior parte das vezes, usadas nas copas e nas cozinhas, perto do fogão, outra peça importante no cenário dos acidentes domésticos. Por isso, crianças devem ser mantidas à distância e os cabos das panelas virados para dentro da superfície do fogão. Queimaduras gravíssimas ocorrem porque a criança ou mesmo o adulto bateram no cabo de uma panela na qual se esquentava alguma coisa. Com as crianças, o perigo é dobrado, porque por curiosidade muitas são levadas a puxar a panela pelo cabo para ver o que está sendo preparado ali dentro.

Quem tem criança em casa deve redobrar os cuidados. Colocar protetores nas tomadas elétricas e acabar com os fios elétricos soltos pela casa e com os ferros de passar roupa em lugares accessíveis são medidas de segurança indispensáveis.
Vale destacar que lâmpadas fixadas em fios pendentes são responsáveis por outro tipo comum de acidente doméstico. A lâmpada queimou e precisa ser trocada. A pessoa pega uma escada, que muitas vezes está bamba e, sem apoio nenhum nem ajuda de ninguém, sobe praticamente até o ultimo degrau. Por um motivo qualquer, porque escorregou ou teve uma tontura, ela se desequilibra e cai. De repente, uma coisa tão simples quanto trocar uma lâmpada é responsável por uma queda que pode ter graves consequências.

Drauzio – Uma coisa que me chama muito a atenção é na periferia das grandes cidades, e São Paulo não é exceção, não existirem telhados. As casas são cobertas por uma laje à espera de que sobre algum dinheiro para construir um segundo andar. No entanto, nesse intervalo, a laje é utilizada para colocar um varal onde se possa estender roupas ou para fazer uma festa. Como nenhuma laje tem proteção ao redor, as quedas, inclusive de crianças, costumam ser frequentes.
Fernando Bueno Leitão – De fato, o problema não ocorre somente com os adultos que sobem na laje e, distraídos com os afazeres ou com a festa, perdem a noção de espaço e caem. Muitas vezes, crianças usam a laje para empinar pipa, por exemplo, e despencam lá de cima. Em geral, essas quedas são gravíssimas, pois provocam traumas craniencefálicos complicados. E seria fácil prevenir esses acidentes. Por um custo baixíssimo, se poderia colocar um parapeito ou fios em volta da laje que teriam por finalidade proteger as pessoas que ali estivessem e que nem sempre têm noção da altura exata da casa, muitas vezes construída no topo de um barranco ou ribanceira.

Acredito que esse problema não seria difícil de resolver se as pessoas fossem devidamente esclarecidas a respeito do risco que a laje representa. Não faz muito tempo, eram frequentes os acidentes com tanques domésticos de lavar roupa, mal colocados ou só encostados na parede. Os traumas e ferimentos que as crianças sofriam, porque se apoiavam ou subiam no tanque, eram típicos. Nas crianças até dois anos, o ferimento era craniencefálico. Criança maior, de quatro a seis anos, sofria esmagamento ou trauma de tórax, e as mais velhas, de abdômen e quadril. Um trabalho comunitário realizado pela Secretaria de Saúde exigindo que o tanque fosse fixado na parede, embora não tenha erradicado completamente o problema, diminuiu bastante sua incidência.

ÁGUA CORRENTE PARA AS QUEIMADURAS
Drauzio – O que se deve fazer quando alguma pessoa se queima?
Fernando Bueno Leitão – Muitas vezes, não se dá a devida atenção às queimaduras que ocorrem no ambiente doméstico, embora elas possam ser bastante graves. Por exemplo: a dor é terrível quando a pessoa queima a mão com leite ou água quente, porque quase sempre se trata de uma queimadura de primeiro grau, a que dói mais. Primeira coisa a fazer: colocar o ferimento sob uma corrente de água fria para esfriar a região queimada e impedir que o calor atinja a derma, a parte muscular, os ossos, enfim, os tecidos mais profundos.
Drauzio – Existe o mito de que se a queimadura for posta na água fria haverá a formação de bolhas no local.
Fernando Bueno Leitão – Não é verdade. A bolha ocorre quando a queimadura é grave e atingiu a derme. Nesse caso, não deve ser perfurada sob nenhum pretexto. A única pessoa autorizada a fazê-lo é o médico no hospital. Caso a bolha seja rompida sem cuidado, estará sendo aberta uma via de acesso para germes que podem desencadear um processo infeccioso e agravar o quadro.
Drauzio – Na verdade, na bolha existe um líquido nutritivo para a proliferação dos germes, não é?
Fernando Bueno Leitão – Exatamente. Se a pessoa achar que a bolha é grande e precisa de cuidados maiores, não tenha dúvida, deve procurar atendimento num pronto-socorro ou consultar um médico.

O hábito de passar toda a sorte de produtos na área queimada – manteiga, pó de café, pomadas, etc. – deve ser abandonado. Muitas pomadas para uso local não são esterilizadas e podem transmitir germes, aumentando, desse modo, o risco de infecção.
Quando se fala em queimadura, todos pensam nas provocadas pelo fogo ou pela alta temperatura de algumas substâncias.

Existe, porém, um tipo de queimadura que as pessoas insistem em desprezar. Em geral, elas ocorrem nos dias ensolarados do verão. Depois de uma temporada longa longe do sol, as pessoas põem o maiô e se estendem na areia, como lagartos, durante horas. Se estiver ventando um pouco, então, não sentem calor e aumentam o tempo de exposição. À tarde, já em casa, muito vermelhas, mal conseguem mexer o braço. Praticamente sem sudorese, manifestam um aquecimento generalizado e intenso, não se dando conta de que sofreram uma queimadura de primeiro grau numa superfície corpórea muito grande, que pode exigir até internação hospitalar. Nesses casos, prevenir é o melhor remédio. O melhor sol da manhã brilha, no máximo, até as dez horas. Quem não frequenta praias e piscinas habitualmente deve tomar cuidado, usar chapéus e blusas para proteger a pele e não se esquecer de passar protetor solar.
Drauzio – Por que é contraindicado passar pomadas nas queimaduras?
Fernando Bueno Leitão – Além de a pomada não ajudar em nada, pode aumentar o risco de infecção se houver, por exemplo, um pequeno corte na pele. Além disso, como é difícil retirá-la depois de seca, o atrito pode criar uma área de ferimento com perda de tecidos cutâneos. Por isso, não se deve passar nada na queimadura. Só água fria. Se estiver sentindo dor, aconselha-se o uso de um analgésico e, se o caso parecer mais grave, é indispensável procurar orientação médica.
Drauzio – Vamos imaginar que a pessoa esteja longe do socorro médico. Queimou-se, colocou a mão na água corrente, mas formou uma bolha ou houve uma retração de tecido e a ferida ficou exposta. Como deve ser protegido esse local?
FernandoBueno Leitão – No caso de a bolha ter arrebentado ou de ferida exposta, a pessoa deve cobrir a área com gaze ou um pano limpo para evitar contato com o ambiente e procurar atendimento médico porque se trata de uma queimadura de segundo grau que exige cuidados especiais.
ÁGUA E SABÃO PARA OS CORTES
Drauzio – Geralmente em todas as casas existem soluções (merthiolate, água oxigenada, álcool, mercurocromo) para serem usadas quando alguém se corta. Isso está certo?
Fernando Bueno Leitão – Não se deve usar nenhuma das soluções citadas. O ferimento deve ser limpo apenas com água e sabão. Se estiver sangrando, o sangue deve ser estancado por compressão, nunca por garrote. Se a área ferida for comprimida durante três minutos contínuos, a hemorragia cessa porque esse é o tempo necessário para a coagulação do sangue. Se o ferimento for grande e as bordas estiverem abertas, o acidentado precisará de atendimento hospitalar, mas o socorro estará facilitado porque a lesão estará limpa e protegida convenientemente.
Drauzio – Pode-se usar qualquer tipo de sabão?
Fernando Bueno Leitão – Para limpar o ferimento qualquer sabão serve. No entanto, volto a chamar a atenção: ferimentos maiores exigem cuidados imediatos num pronto-socorro ou hospital. Uma criança que atravessou os vidros de uma porta com o braço, além de ter os tecidos dilacerados, pode ter lesado uma artéria, o que é muito grave e exige tratamento médico urgente.
MORDIDAS DE ANIMAIS: PREVENÇÃO E TRATAMENTO
Drauzio  O que fazer quando uma pessoa é mordida por um cachorro?
Fernando Bueno Leitão – A primeira coisa a fazer é instruir principalmente as crianças a respeito de como lidar com os animais. Nunca se deve mexer na comida que o cachorro está comendo, mesmo que ele seja muito bonzinho, nem puxar seu rabo. Se a mordida for dada por um cachorro de pequeno porte, o importante é lavar o ferimento com água e sabão. Algumas mordidas, porém, são destrutivas e exigem tratamento hospitalar urgente já que não só os animais ferozes e estranhos, mas aqueles considerados de confiança pela família, podem agredir uma pessoa e feri-la gravemente. Em se tratando de crianças, o rosto costuma ser a região mais dilacerada e o problema é sempre sério.
Drauzio  E arranhadura de gato?
Fernando Bueno Leitão – A conduta é a mesma. No entanto, gostaria de destacar que em relação aos ferimentos provocados por animais é indispensável ter certeza de que eles não são portadores do vírus da raiva. Raiva é uma doença para a qual não há tratamento e é sempre fatal. Por isso, o animal precisa ser observado pelo menos durante dez dias. Se morrer antes disso, qualquer que seja o motivo, mesmo que seja atropelado na rua, a pessoa deve ser encaminhada ao Instituto Pasteur para ser vacinada.
PRIMEIRO ATENDIMENTO: QUEDAS E FRATURAS
Drauzio – Como as pessoas devem agir no caso de quedas e fraturas?
Fernando Bueno Leitão – O indivíduo caiu, adulto ou criança, e está com dor num dos membros. O primeiro passo é imobilizar a região atingida. A imobilização ajuda a aliviar a dor e a não agravar o quadro.

Mesmo que não haja fraturas e tenha ocorrido apenas um deslocamento ou desvio, uma tala simples internamente revestida por material poroso deve ser colocada para evitar que o membro ferido se movimente. Se não houver uma tala disponível, vários cadernos de jornal amarrados com uma faixa são suficientes para envolver e imobilizar o braço ou a perna acidentados.

Drauzio – Resumindo numa única frase, na suspeita de fraturas, o primeiro cuidado deve ser a imobilização. E depois, o que se deve fazer?
Fernando Bueno Leitão – Deve-se encaminhar o paciente para atendimento médico-hospitalar. A fratura pode não ser exposta, o osso não está aparecendo, mas nada garante que um vaso de grosso calibre não tenha sido lesado e possam surgir edemas e hematomas.

Mais grave do que a suspeita de fratura em extremidades, são as fraturas de coluna cervical. O indivíduo subiu na escada para trocar a lâmpada, caiu e bateu a cabeça no chão. Não perdeu a consciência, mas sente dor no pescoço. Qualquer lesão traumática acima da clavícula e ferimento abaixo da clavícula – o indivíduo dobrou o pé, entortou a perna, etc. – são sinônimos de suspeita de trauma na coluna cervical. A melhor conduta é sempre manter a pessoa imobilizada. Se tiver um colar cervical, alguns chamam de pescoceira, deve-se colocá-lo com cuidado. Se não tiver, a imobilização pode ser feita com as mãos colocadas ao redor do pescoço da vítima.

Drauzio – Pode-se pegar a pessoa que sofreu uma queda, colocar no carro e levar para o hospital?
Fernando Bueno Leitão – Nós dois sozinhos não conseguiríamos nem deveríamos fazê-lo. Precisaríamos de mais duas pessoas para que uma segurasse a cabeça; a outra, o tronco; a terceira, o quadril e a quarta, os membros a fim de transportar o acidentado em bloco.
Drauzio – O ideal é que pelo menos ele fosse colocado sobre uma tábua.
Fernando Bueno Leitão – É verdade. Vamos nos reportar ao exemplo do indivíduo que está acampado na beira do rio, sofreu uma queda, não consegue mexer-se e precisa ser transportado para a Santa Casa da cidade mais próxima. A porta da cabana é uma tala, uma prancha longa que pode ser utilizada a contento. Depois de colocá-lo sobre a tábua, é preciso tomar alguns cuidados: apoiar sua nuca e impedi-lo de fletir a cabeça que deve ser mantida numa posição de semiextensão.

O grande risco das fraturas de coluna cervical são hiperextensão, flexão e lateralização da cabeça, pois uma vértebra fraturada pode seccionar a medula, que é a continuidade do encéfalo e desce pela coluna vertebral de onde saem os nervos que enervam o corpo todo.
Desse modo, é sempre bom lembrar que fratura de coluna cervical na altura do pescoço pode seccionar a parte alta da medula e prejudicar toda a enervação do corpo, e o individuo corre o risco de ficar tetraplégico. Foi o que aconteceu com Christopher Reeve, ator que interpretou o Super-Homem no cinema. Reeve caiu de um cavalo e ficou tetraplégico, isto é, com os quatro membros paralisados.
Bater a cabeça representa também um traumatismo que exige atenção continuada por vários dias. A batida pode causar o rompimento de um vaso ou de uma artéria cerebral e, como consequência, a formação de um hematoma que irá comprimir o cérebro e provocar, a partir de determinado momento, perda de consciência e paralisia. Isso exige tratamento imediato e cirurgia de emergência. Na maioria das vezes, retirado o coágulo, o problema estará resolvido satisfatoriamente.
Traumatismo craniano e fratura de coluna necessitam de socorro urgente que pode ser pedido pelo telefone 193, número do resgate que existe não só em São Paulo, mas em vários outros grandes centros do Brasil. Os bombeiros estão bem preparados e se reciclam constantemente para prestar esse tipo de atendimento e, quando necessário, se fazem acompanhar por um médico e uma enfermeira.



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